Salários e remunerações

Recibos verdes: o que são e como funcionam

Descobre como funcionam os recibos verdes, quem pode usá-los e as obrigações fiscais.

consultor

Precisa de ajuda?

Isabel García

HR Consultant


13 de março, 2025

 Os recibos verdes são um regime de prestação de serviços utilizado por trabalhadores independentes aqui, em Portugal. Este sistema permite que profissionais exerçam a sua atividade sem um contrato de trabalho tradicional, emitindo faturas para os seus clientes ou entidades contratantes.

No entanto, apesar da sua flexibilidade, os recibos verdes trazem consigo um conjunto de obrigações fiscais e contributivas que devem ser bem compreendidas para evitar problemas futuros.

Desde a emissão de faturas até ao pagamento de impostos e contribuições para a Segurança Social, os trabalhadores a recibos verdes têm de cumprir várias regras para garantir que estão em conformidade com a lei.

Além disso, é essencial perceber quais são os direitos e deveres associados a este regime, bem como as possíveis implicações na estabilidade profissional e financeira.

Neste artigo, exploramos o funcionamento dos recibos verdes, os impostos a pagar, as obrigações fiscais e as vantagens e desafios deste modelo de trabalho, para que possas tomar decisões informadas e ter um bom clima organizacional na empresa.

O que são os recibos verdes?

Antes de mais, o recibo verde, oficialmente designado por ‘documento de quitação’, é um comprovativo de prestação de serviços em Portugal, frequentemente usado por trabalhadores independentes ou freelancers.

Para entenderes melhor o funcionamento, imagina que és o diretor de uma empresa e precisas de contratar um designer gráfico para um projeto específico. Ao invés de estabeleceres um contrato de trabalho a tempo inteiro, podes optar pela emissão deste documento legal.

O profissional em questão emitirá este recibo no acto do pagamento, que justificará a receita no âmbito de uma atividade profissional para efeitos fiscais. Será anexado à sua declaração anual de rendimentos e permite ao Estado calcular o valor do imposto a pagar pelo trabalhador.

Adicionalmente, é importante mencionar que foi implementado pelo Governo português o regime simplificado para os titulares deste tipo de recibo. Este regime pressupõe uma tributação automática sobre 75% da faturação declarada pelos profissionais liberais.

O que diz a legislação portuguesa sobre os recibos verdes?

Aqui em Portugal, os recibos verdes estão enquadrados no regime dos trabalhadores independentes, sendo regulamentados pelo Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) e pelo Código dos Regimes Contributivos da Segurança Social.

Este sistema permite que profissionais prestem serviços sem um vínculo contratual de trabalho subordinado, mas implica o cumprimento de diversas obrigações fiscais e contributivas. A seguir vamos ver os detalhes:

1. Registo e início de atividade

Em primeiro lugar, para emitir recibos verdes, o trabalhador deve registar-se nas Finanças através da abertura de atividade no Portal da Autoridade Tributária. Neste processo, deve indicar o código de atividade econômica (CAE) correspondente ao seu setor e escolher o regime fiscal aplicável. Com isso poderá fazer a emissão destes recibos sem problema nenhum.

2. Regime de tributação e pagamento de impostos

Em segundo lugar, os trabalhadores independentes podem estar sujeitos a diferentes regimes de IRS:

  • Regime simplificado – aplicável a profissionais com rendimentos anuais inferiores a 200.000€, sendo os impostos calculados com base numa percentagem do rendimento bruto.
  • Regime de contabilidade organizada – obrigatório para quem ultrapassa esse valor ou opta por este regime, permitindo deduções mais detalhadas mas exigindo um contabilista certificado.

Além disso, podem estar sujeitos ao pagamento de IVA, dependendo do volume de negócios e da atividade exercida.

3. Contribuições para a Segurança social

Em terceiro lugar, os trabalhadores independentes devem contribuir para a Segurança Social, garantindo acesso a proteção social, como subsídio de doença e reforma.

Ao mesmo tempo, a taxa contributiva é, regra geral, de 21,4% sobre o rendimento relevante, com algumas exceções e isenções para novos trabalhadores no primeiro ano de atividade.

4. Riscos de falsos recibos verdes

Por último, a lei portuguesa prevê sanções para situações de falsos recibos verdes, ou seja, quando um trabalhador independente desempenha funções com características idênticas às de um contrato de trabalho, sem os devidos direitos.

Nestes casos, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) pode reclassificar a relação laboral e obrigar a entidade contratante a assumir as obrigações de um empregador.

Em suma, os recibos verdes oferecem flexibilidade, mas exigem um conhecimento detalhado da legislação para garantir conformidade fiscal e contributiva.

Por isso, para evitar surpresas, é essencial que os trabalhadores independentes estejam informados sobre os impostos, contribuições e direitos que lhes assistem no exercício da sua atividade.

Quanto desconta um trabalhador a recibos verdes?

O cálculo dos descontos para os trabalhadores independentes, como vimos que são conhecidos os profissionais a recibos verdes, é um processo que exige bastante atenção.

Pois, a taxa de contribuição varia de acordo com o escalão contributivo em que o trabalhador se insere, podendo oscilar entre 21,4% a 25,2%, dependendo da atividade exercida e do rendimento obtido. Por isso, para poderes determinar ao certo quanto desconta um colaborador a recibos verdes, é necessário seguir alguns passos importantes.

Primeiramente, é imprescindível calcular o rendimento relevante, ou seja, a base de incidência contributiva que resulta da aplicação de um coeficiente (75% para prestação de serviços e 20% para vendas) ao valor dos rendimentos auferidos pelo trabalhador.

Posteriormente com base nesse valor, identifica-se o escalão em que se enquadra e aplica-se a taxa respectiva. Por exemplo: se um colaborador independente auferir um rendimento relevante mensal até €658.22 irá descontar uma taxa de 21.4%. No entanto sempre acima deste valor as taxas contributivas aumentam gradualmente.

Entender esta temática é crucial para qualquer gestor ou chefe de empresa no sentido de assegurar uma gestão financeira sólida e equilibrada no seu negócio.

Quanto custa emitir um recibo verde?

Agora, emitir um recibo verde não tem um custo direto, mas implica várias obrigações fiscais e contributivas que podem afetar os rendimentos do trabalhador independente. O valor a pagar depende de vários fatores, como impostos, contribuições para a Segurança Social e, em alguns casos, IVA.

No caso dos impostos sobre os rendimentos, temos:

  • IRS – os trabalhadores independentes devem pagar imposto sobre os rendimentos obtidos. Quem está no regime simplificado vê uma percentagem do rendimento bruto sujeita a tributação, enquanto quem opta pela contabilidade organizada pode deduzir despesas profissionais.
  • Retenção na fonte – se o rendimento anual for superior a 13.500€, o trabalhador pode ser obrigado a aplicar uma retenção na fonte de 11,5% a 25%, dependendo da atividade exercida.

Em relação as contribuições para a segurança social, vemos:

  1. A taxa contributiva para trabalhadores independentes é, regra geral, de 21,4% sobre o rendimento relevante.
  2. No primeiro ano de atividade, há isenção de contribuições para a Segurança Social.
  3. Os pagamentos são trimestrais e calculados com base nos rendimentos declarados.

Por outro lado, também temos o imposto sobre o valor acrescentado (IVA), cujas regras são:

  • Se o volume de negócios for superior a 13.500€ anuais, o trabalhador pode ter de cobrar 23%, 13% ou 6% de IVA, conforme a atividade.
  • O IVA cobrado deve ser entregue ao Estado através da declaração periódica de IVA.

Embora a emissão de um recibo verde seja gratuita, os trabalhadores independentes devem estar atentos às obrigações fiscais e contributivas associadas.

Para evitar surpresas, é essencial perceber as leis portuguesas e planear os custos com IRS, Segurança Social e IVA, garantindo que a atividade é sustentável e financeiramente equilibrada.

Vantagens dos recibos verdes

Como sabemos, os recibos verdes são uma opção atrativa para muitos profissionais, sobretudo pela flexibilidade laboral e autonomia que oferecem.

Este regime permite que os trabalhadores independentes gerenciem a sua atividade de forma mais livre, sem estarem sujeitos a um contrato tradicional de trabalho. No entanto, para tomar uma decisão informada, é essencial conhecer as principais vantagens deste modelo. Alguns benefícios desses recibos são:

Autonomia e flexibilidade

  • O profissional tem total liberdade para escolher os clientes, definir horários e gerir os projetos conforme preferir.
  • Não há dependência direta de um único empregador, permitindo uma gestão mais personalizada da carga de trabalho.

Potencial de rendimentos mais elevados

  • Sem um salário fixo, os trabalhadores independentes podem ajustar os seus preços e aumentar os rendimentos consoante a procura e a experiência.
  • Dependendo da área de atuação, pode ser possível ter múltiplas fontes de rendimento e diversificar os serviços prestados.

Redução da carga fiscal no regime simplificado

  • Para quem está no regime simplificado, apenas uma percentagem do rendimento é sujeita a IRS, o que pode reduzir o montante de imposto a pagar.
  • Isenção de IVA para profissionais com rendimentos anuais inferiores a 13.500€ (salvo exceções conforme a atividade exercida).

Possibilidade de trabalhar para diferentes empresas

  • Os trabalhadores a recibos verdes podem prestar serviços para várias entidades ao mesmo tempo, sem estarem limitados a um único empregador.
  • Esta diversidade de clientes reduz o risco financeiro e aumenta as oportunidades de crescimento profissional.

Apoios para trabalhadores independentes

  • A legislação prevê benefícios fiscais para novos trabalhadores independentes, incluindo isenções temporárias na Segurança Social.
  • Alguns apoios, como o subsídio por cessação de atividade, podem estar disponíveis em determinadas condições.

Em conclusão, os recibos verdes são uma boa opção para quem valoriza autonomia e flexibilidade, permitindo gerir a própria carreira e aumentar os rendimentos de acordo com o volume de trabalho.

No entanto, é fundamental ter em conta as obrigações fiscais e contributivas, garantindo que este regime se adapta às necessidades de cada profissional.

Como a Sesame ajuda com os recibos verdes?

A Sesame HR é um software de recursos humanos que facilita a gestão dos trabalhadores a recibos verdes, ajudando empresas a manter um controlo organizado das colaborações e garantindo que todos os processos administrativos são ágeis e transparentes.

A seguir, vamos ver como:

  1. Registo e gestão de contratos – a plataforma permite acompanhar os prestadores de serviços, centralizando contratos e documentos num único espaço.
  2. Monitorização de pagamentos – com a Sesame, as empresas podem gerir pagamentos e vencimentos de prazos, garantindo que os recibos verdes são processados corretamente.
  3. Gestão documental automatizada – todos os recibos e faturas podem ser armazenados digitalmente, facilitando a consulta e organização.
  4. Relatórios e análises – acompanhamento detalhado dos custos associados aos prestadores de serviços, garantindo maior controlo financeiro.

Em resumo, com a Sesame HR, as empresas ganham mais eficiência na gestão dos recibos verdes, assegurando conformidade e organização sem processos burocráticos complicados.

Queres testar na prática? Experimenta gratuitamente a Sesame e descobre como simplificar a gestão da tua equipa!

Quer avaliar nosso artigo?

Avaliação média:
4 estrelas (65 votos)

Ricardo López

HR Specialist | LinkedIn | +post

Sou um profissional de Recursos Humanos que se destaca na administração de salários, gestão de relações laborais e aconselhamento em matéria de emprego. A minha formação académica em direito do trabalho e Recursos Humanos permitiu-me desenvolver uma compreensão abrangente da dinâmica laboral e da gestão de pessoal.


Poupe tempo em todas as tarefas de gestão da sua equipa

Precisa de ajuda?